quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Tenha dó

Em uma dessas fatídicas noites de segunda-feira resolvi zapear pelos canais de televisão antes de dormir. E, tragicamente, caí em um programa sem precedentes na minha singela opinião.
Não sou expert em tevê, mas tenho noção técnica e prática – não real – e, enfim, tenho noção, dio. Porque o que vi naquele programa passava a léguas de qualquer regra de bom-senso, mas andava ali ó, assiiiim com o surreal.

Primeiro as apresentadoras – sim porque um programa deste nível exige vááááárias – todas loiras, com voz de taquara, dançantes como se estivessem apuradas para fazer xixi, ou sei lá né, reza a lenda que existe uma tal de butterfly por aí que vai aonde fores... e enfim, o conteúdo dos comentários das queridas – credo...

E o câmera! Pobre telespectador podia vomitar a qualquer segundo. Era zoom-in-zoom-out sem fim, e nenhum, mas nenhum enquadramento tradicional, desses que tu vê a pessoa seguindo a Linha do Equador, plano americano, etc, sabe? Eu posso jurar que o câmera estava fazendo cambalhotas.

Não bastasse isso, o estúdio dá um eco pra sempre-empre-empre e jamais será possível chamar a vinheta do programa, porque ela é permanente e alta demais e chata igualmente. Um dance do tempo em que Aqqua era o máximo e a Barbie Girl fazia as vezes de Piriguéty – intragável.

E o gran finale... naquela fatídica segunda-feira estavam escolhendo essas moças que ficam dançando nos programas. Eram dez finalistas de um total de não sei quantas candidatas. As gurias ficavam saracoteando feito pandorgas sem rumo, vestindo maiôs-asa-delta cobrindo só as partes, e só isso. As finalistas eram chamadas pelos nomes e ficavam se rebolando para a câmera insana com um sorriso-super-amarelo estampado. Enfim, não deve ser mole tornar-se uma PampaCat.

Não pude saber o resultado do concurso, minha tevê queimou na segunda seguinte...
Também joguei o controle fora, já pensou se resolvo zapear de novo...

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Pai

Meu pai é diferente dos pais que eu conheço. Minha mãe sempre diz que ele é o filho homem que ela não teve - meu irmão mais velho nesse caso. E acho que ela tem razão.
Dizem que eu sou a cara do meu pai, que pra ser igual a ele falta só o bigode – porque meu pai, gaúcho que é, ostenta um bigode ao melhor estilo Paixão Côrtes, salvo meu exagero.
Meu pai gosta de falar alto, estufar o peito e cantar de galo. Mas, na verdade, não passa do meu irão mais velho, filho homem de minha mãe. Não possui maldade no coração, mas magoa mesmo sem querer. Sempre tem razão – invariavelmente – e reclama com facilidade.
Meu pai nasceu no interior, mesmo lugar onde enterrou seu umbigo – literalmente – lá debaixo da porteira que dá acesso à mangueira dos animais. Mas, meu pai tem estilo pop-star, não pode ver um flash, um microfone, uma câmera. Ele gosta de aparecer. O que ele não se dá conta é que não adianta aparecer para os outros enquanto deixamos nossos mais sinceros fãs esquecidos nos bastidores...
Meu pai sempre teve tempo para ajudar o próximo, faz muito por nós também, mas não sem antes pestanejar. Ele acha que sempre fez o suficiente por nós, e como nós não damos ibope como a platéia alheia, reclama.
Meu pai é sonhador. Passa a vida planejando coisas fabulosas, mas esquece de realizar. E a vida vai passando. E o tempo vai passando e tudo que passa, um dia acaba. Então, é preciso fazer, realizar, concretizar para continuar sonhando e viver em busca de realizá-los, cada um desses sonhos.
Meu pai não tem nenhum filho, mas chama suas três filhas de Juca. O cachorro ele chama de sabugo – sim aquilo mesmo que sobra do milho, o sabugo. Ele faz coisas que não entendo, não aprovo e bato pé, mas ele é pai e pai deve saber o que faz.
Meu pai é bastante ingênuo e muita gente abusa disso. Acho que aí também sou muito parecida com ele. A diferença é que vou aprendendo e procuro não repetir os mesmos erros.
Meu pai não tem muito jeito para aconselhar, dar carinho ou apoiar, mas tem amor no coração – eu sei que tem. Ele deve ser assim porque nunca teve amor do pai dele e nunca pôde ser filho. De certo, é por isso que ele é como o filho homem de minha mãe hoje, porque nunca pôde viver suas fases corretamente e não aprendeu a realizar os sonhos, só a sonhá-los.

Eu amo meu pai

Feliz Aniversário – 16/08

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Jardim Secreto

Então, aquele seria seu cantinho secreto, onde poderia dizer todas suas verdades e as inverdades que escondia de si mesma.
Um lugar tão seu que somente ela o saberia, e que poderia fazê-lo e desfazê-lo a hora que fosse.

Lá poderia realizar os sonhos e sonhar as realidades
Desenhar o mundo daquele jeitinho tímido e só.

Ela queria ficar lá, escondidinha, naquele cantinho.